Snob
Há dia, corria a conversa entre dois conhecidos, e um deles dizia:
- Sabes tu o que um snob ?
O outro, percebendo a intenção, respondeu:
- O snob é um impertinente e um fútil que vivendo na admiração constante de si próprio, de todos quer escarnecer e troçar. Segundo o que se pensa, vale mais do que os outros. Existe em êxtase e se a vaidade que o embala consente que veja alguém, mofa desse alguém com gesto desdenhoso.
Aos homens superiores, se não são elegantes, o snob chama chéchés.
Ridiculariza-lhes as calças, a rabona, o chapéu, como se o homem valesse pelo fato, e não pelo espírito ou pelo coração.
Aos outros, aos de merecimento maior ou igual ao seu, mas pessoas modestas e estimáveis, o snob chama imbecis.
- E é só isso?
Não, o snob é em geral um mundano que nem sempre despreza o casamento. Muitas vezes, casa mesmo por snobismo. Casado, descura, em regra, os filhos, engana a mulher, frequenta clubes, tem amantes ricas e quer que o considerem um homem exemplar. Julga-se sempre perfeito de correção.
Sem crenças, sem espírito, salva as situações, dando graças a Deus - e porque hoje Deus está na moda - e repetindo frases, por vezes interessantes, que ouve aqui e além.
O snob vive de aparências, convencido - e por isso, querendo convencer - que toda a futilidade é valor e toda a sua impertinência é distinção.
Existe num equívoco constante. Supõe-se um gentleman, como se, para o ser lhe não faltasse a naturalidade, o aprumo de maneiras, o charme.
O charme que não significa beleza, porque não há, pois homens belos há-os encantadores de espírito, de bondade, de educação.
Numa palavra: o snob é a hipocrisia inconsciente; é o oposto daquilo que pensa ser.