As Bocas dos Mortos - Peça de Teatro
As Bocas dos Mortos |
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- Renata, de onde partiu a ideia de levar à cena a peça AS BOCAS DOS MORTOS?
Surgiu de várias vontades: de falar sobre os tempos que vivemos, de
co-relacionar o passado,com o presente, da vontade de falar de morte(
resistindo à mesma), de olhá-la de frente, de fazer uma aproximação à
tragédia.
- Quais foram os textos que inspiraram esta encenação ?
R.: asbocasdosmortos é um título que resume a dramaturgia que fiz sobre textos do Heiner Müller (
autor que deu mote ao espectáculo, a que mais tarde se vieram juntar
Anna Akhmátova e William Shakespeare, bem como referências
cinematográficas,partituras musicais ,que vão desde o Star Wars ao onze
de Setembro ). Depois de ler e (re)ler variadíssima peças , decidi
concentrar a dramaturgia sobre as obras A Batalha- Cenas da Alemanha, e Abecedário.
Porque são formas breves, uma das maiores inovações que se fez na
dramaturgia ,permitindo criar micro-narrativas , e porque falam das
chagas da Alemanha com o passado nazi - e por consequência da relação da
Europa com a sua história ( hoje em dia,tão ameaçada, em ruínas).
- Esta peça está ligada com a guerra. O que nos traz de novo ?
R.: Penso que vivemos em guerra. Uma guerra invisível, económica e
burocrática, que nos deixa à mercê do(s) Estado(s). Abrindo os jornais
de cada dia , continuamos preso ao mesmo eixo. E a guerra , ressalva o
melhor - e o pior de cada homem ( a nossa Humanidade , ou a nossa
selvajaria ) . E isso era algo que me interessava expor. O teatro , é o
último dos redutos , onde o tempo e o espaço não existem - por isso
Shakespeare pedia auxílio ao público , para imaginarem os campos, ou a
duração da batalha. A vida não é mais do que repetição e contaminação.
- Quantos dias são necessários para levar a peça ao palco ?
R.: Depende de cada processo, de cada encenador.
Eu, gosto de ensaios longos ( 8h-10h) , de ensaios de cerca de 2/ 3 meses.
E de cada vez que reponho, volto a (re)pensar e procedo a modificações.
Demoro bastante tempo.
- Este é o tipo de teatro que aproxima ou mantém uma barreira perante o espectador ?
R.: Pergunta difícil...espero que comova o espectador, que o faça
rir,pensar, e sobretudo que deixe lastro. Que daqui a cinco anos, numa
conversa de café,se lembre ,como uma boa memória. Ou pelo menos que seja
um soco no estômago,em caso de rejeição. Não é um teatro que faça
recurso directo ao implicar o espectador na cena, mas todo o teatro
implica o espectador- é por isso que detesto a ideia de novo, de
interactividade. Todo o teatro é troca, e cada espectador ,único.
R.: O espaço ideal seria um matadouro ou um armazém enorme,
devidamente equipado em termos técnicos:algo com memória de
aprisionamento e morte. Ou ,a ser num teatro, num teatro amplo,profundo.
Fotos: http://fotografiahoraalmoco.blogspot.pt/2012/05/teatro-olhar-de-joao-paulo-pires.html
Mais informação sobre a peça de teatro: http://favoritus.blogspot.pt/2012/05/04-13-de-maio-asbocasdosmortos-partir.html
Joao Pires |
Fotos: http://fotografiahoraalmoco.blogspot.pt/2012/05/teatro-olhar-de-joao-paulo-pires.html
Mais informação sobre a peça de teatro: http://favoritus.blogspot.pt/2012/05/04-13-de-maio-asbocasdosmortos-partir.html